O município de São Lourenço tem avançado bastante no que diz respeito a questões de acessibilidade em estabelecimentos comerciais. No último mês dois restaurantes da cidade aderiram ao uso de cardápios com escrita em Braille, voltados para deficientes visuais.
Kátia Terezinha de Carvalho, deficiente visual desde o nascimento, pós-graduada em Educação Especial e professora de Braille no curso de Pedagogia da Faculdade Victor Hugo/Unis desde 2012. Juntamente com a Profa. Teresa Cristina, Kátia desenvolveu cardápios em Braille para os restaurantes KibeLeza e Paladar Mineiro, no mês de abril.
Tudo começou quando as duas professoras estavam em um restaurante e observaram um garçom que atendia dois casais com deficiência auditiva. Os quatro interagiam através de Libras e, como eram alfabetizados também em português, apontavam suas escolhas no cardápio sendo atendidos tranquilamente. Surgiu então o questionamento: como seria o atendimento se os casais fossem deficientes visuais?
“Às vezes nós deficientes estamos acompanhados de pessoas videntes não tendo a necessidade dos garçons e demais funcionários de lerem cardápios, por exemplo. Ainda assim, estando acompanhados, é gratificante poder exercer sua autonomia em um estabelecimento social, poder fazer suas próprias escolhas de forma independente, como os demais clientes. Essa situação se agrava quando uma pessoa deficiente não está acompanhada, o que é bastante comum”, explicou a Profa. Kátia.
Após uma breve pesquisa com donos de estabelecimentos comerciais, as professoras lançaram na cidade de São Lourenço o primeiro cardápio em Braille com o objetivo de dar acessibilidade e autonomia às pessoas com deficiência visual para que possam escolher seus pratos e suas bebidas.
Responsável pela confecção dos cardápios, a Profa. Kátia explica que utiliza suas próprias ferramentas e tecnologias. Punção e reglete substituem o tradicional lápis e caneta; leitores de tela permitem que ela visualize o conteúdo dos cardápios enviados pelos clientes, e, de forma manual, a professora realiza então a tradução da escrita convencional para o Braille.
“É muito bom ver os estabelecimentos aderindo a esse projeto, podemos ver que a prática realmente funciona quando é aceita. Sempre fui muito bem acolhida nos meus trabalhos, e como professora me sinto muito bem por ter a autonomia de ministrar conteúdos sozinha para uma sala cheia de alunos, sem necessitar de outra pessoa para transmitir minha mensagem. Amo trabalhar, amo me dedicar, e gostaria que o mercado de trabalho tivesse mais oportunidades para os deficientes de uma forma geral”, concluiu a Profa. Kátia.